quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Bolhas sim. Mas só de sabão.

Eu ia escrever sobre outra coisa hoje, mas o post de ontem da Calu (aqui) me fez lembrar de uma matéria que eu li uma vez e uma coisa levou a outra.
A matéria contava a história de jovens de 18, 19 anos estavam procurando-terapia-desesperadamente por conta própria porque se ligaram que a criação que receberam dos pais não lhes dava a mínima estrutura emocional para viver em sociedade.
Ou seja, foram criados em bolhas e se tornaram bolhas (digo bolhas com o maior carinho do mundo. Sério, carinho de mãe. Porque não deve ser fácil, para nenhum dos envolvidos.)

O que me chamou muito a atenção e me deixou muito, muito chateada foi o sofrimento pelo qual eles estavam passando. Total crise de identidade em uma época em que eles tinham é que estar curtindo a vida adoidado.
Doía de verdade perceber que não sabiam lidar com a autoridade, que não sabiam se socializar sozinhos, lidar com dinheiro, escolher sua cor favorita, administrar suas vidas e por aí vai...
E que a essa altura do campeonato iam ter que fazer curso intensivo para aprender a ser gente grande.

Os entrevistados eram apenas os filhos, mas fiquei imaginando também a situação dos pais. Porque, acredito eu, nada disso acontece de propósito. É que eles são bebezinhos tão indefesos, tão pequenos ainda, vão ter a vida inteira para aprender e de repente...já era.
O tempo voa! VOA!!
E aí não dá para voltar atrás.

Eu não sou a mãe perfeita, erro pra caramba e com muito gosto, porque eu acho que importante errar também.
Mas uma coisa aqui em casa o Giovane e eu prezamos muito, a independência da nossa filha.
Ela já tem personalidade forte, coragem e vai embora sem nem olhar para atrás, isso é dela.
E a gente do lado de cá sempre incentiva.

Nós queremos mesmo é que ela aprenda a se virar sozinha. Simplesmente porque isso vai torná-la mais forte e mais segura para seguir o caminho que ela escolher.
E também porque pai e mãe, infelizmente, não duram para sempre.

Então a gente prefere deixar que ela bata a cabeça (de leve!!) na cadeira quando vai se levantar do chão para aprender que tem que prestar atenção em tudo a sua volta.
Que ela pise no chão quente e frio, sem sapatos, para aprender que existe quente e frio, e que ela pode se machucar.
Que ela leve uns pegas da Flor (também de leve!) para ela entender que não se pode puxar a orelha do cachorro porque dói e ele reage.
E gostamos de deixar bem claro que ela está levando uma bronca, que existe o não. Não vale só ficar distraindo e chamando atenção para outra coisa quando ela está aprontando.
Porque um mundo cor de rosa, além de ser extremamente enjoativo, não existe.

Apesar disso tudo, somos os primeiros a dar muito, muito colo e muitos, muitos beijos e abraços para que ela se sinta querida e amparada quando algo não da certo.
Porque sim, a gente sabe que ela é mini ainda, entende as coisas até certo ponto e precisa muito da gente.
Na verdade, o nosso colo é eterno. Claro.

Mas no geral, tanto quanto é possível para uma criança de 1 anos e sete meses, o mundo em que ela vive tem bandido e tem mocinho. É colorido mas também tem seu lado cinza. Faz muito sol, mas às vezes chove.
É um mundo real.
Os contos de fadas a gente deixa para hora das brincadeiras.

E citando a Calu: "Por isso aqui em casa o lobo ainda devora a vovó e é morto pelo caçador, o boi tem cara preta, atiramos o pau no gato, e tudo mais como era antigamente..."

PS - minha cantiga preferida é o Boi da Cara Preta. Gosto da melodia e desafino menos, ok?

PS2 - que nossos filhos brinquem com bolhas, como as de sabão por exemplo, mas não se tornem uma delas. hahaha ok, frase cafona mas de profundo siginificado.

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