sexta-feira, 1 de abril de 2011

Eu não fui criada para ser mãe.

Eu não fui criada para ser mãe. Até tive contato com bebês antes da minha filha mas nunca tinha trocado uma fralda. Até curtia os meus priminhos mas de um jeito bem adolescente e descompromissado do tipo, pode ser que eu nunca tenha um desses então não preciso aprender nada agora.

Eu não fui criada para cuidar da casa. Só soube como fazer uma salsicha quando comecei a namorar com o Giovane, tinha 25 anos. Eu sei, é ridículo mas verdadeiro. Quando eu ia casar a minha mãe até quis me ensinar a fazer arroz, mas não quis aprender. Não era meu mundo.

Além disso, nunca me interessei muito por esses assuntos também. Nas brincadeiras de criança sempre preferi fingir que era a secretária de uma clínica, tinha todas as fichas dos pacientes, marcava e desmarcava consultas pelo telefone. Não gostava de bonecas e nem de brincar de casinha.

Eu fui criada para trabalhar fora, ter minha independência desde cedo. E foi assim: já trabalhava no colegial, fiz faculdade no tempo "certo", quando terminei já era funcionária efetivada em uma grande multinacional, ganhava muito bem para a minha idade e lá cresci muito profissionalmente. Sempre colocando o trabalho em primeiro lugar.

Não posso falar por todas as mulheres da minha geração, nem acho que tenha certo ou errado, mas comigo foi assim.

Minha mãe engravidou do meu irmão quando eu tinha seis meses de idade. Morava em Santos, longe da família dela e sem o apoio do meu pai que trabalhava o dia todo. Nada de faxineira ou empregada, em época de fralda de pano, sem microondas com esterilizador de mamadeiras. Minha avó teve seis filhos, seguidinhos. Ela tinha mais ajuda em casa, mas também né, eram seis filhos.

Se fosse comigo eu tinha pirado bonito. Batido o pé por babás, cozinheira e empregada até aos sábados.
Se fosse comigo.
Não estou dizendo que foi fácil para elas, mas digo que elas iam lá e executavam, sem nhém nhém nhém, por mais cansativo que fosse porque sim, elas foram criadas para isso.

O que me fez parar para pensar nesse assunto foi ver algumas de amigas sofrendo nesse comecinho da vida de mãe, assim como eu sofri quando me vi em casa, com um bebê nos braços e a rotina doméstica para dar conta. Isso sem falar nas amigas que nem pensam na possibilidade de ter um filho.

E então depois de pensar muito e conversar com algumas pessoas descobri que a gente pira porque não fomos criadas, preparadas para isso. Simples assim.
Eu tiro de letra um chefe de mau humor, prazos apertados, clientes chatos demais. Essa sempre foi a minha realidade. Fraldas, mamadeiras, roupas lavadas com sabão especial. Oi?!? Demorei para me acostumar, confesso.
São mundos muito diferentes.

Não acho que o tipo de criação torne as mulheres melhores ou piores no quesito mãe. Mas acho que pode sim influenciar na aceitação da maternidade. O processo pode ser menos doloroso. Porque no começo é, bastante. E a dor é legítima.

Eu, obviamente, acho muito importante a mulher ter sua independência. Talvez porque eu sempre tive e só saiba viver dessa maneira.
Mas hoje eu sei que toda mulher que opta por ser mãe um dia vai esbarrar na rotina da casa, não tem muito jeito.

A boa notícia é que depois de um tempo, sim, porque para mim pelo menos não foi instantâneo, cuidar da família se torna algo muito prazeroso. Sou prova viva disso: workaholic convicta por muuuuitos anos, hoje em dia, apesar de ter uma pessoa que me ajude faço questão de cuidar pessoalmente das coisas da Maria Beatriz. E faço com prazer.
Além disso, estou sem trabalhar desde de o começo de janeiro e eu não pirei!

Se alguém me dissesse que um dia seria assim, eu provavelmente não iria acreditar...
Inda bem que a gente muda.

Como diria meu marido: só os ignorantes não mudam de opinião (não lembramos o nome do autor)
Eu concordo.

15 comentários:

  1. Ana,mto util e esclarecedor o seu post.
    eu sou tia convicta, mas lendo seu post concordo com o G, um dia posso até mudar de opinião..rs...e vou querer ser tão boa mãe quanto vc!

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  2. quem sabe um dia, Má! beijo, Ana.

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  3. Amiga, amei o post! Você é a melhor mãe que a MB poderia ter. Ela tem e terá sempre muito orgulho de vc, ex-workaholic e mãe super dedicada. Ah! eu tb tenho muito orgulho e aprendo, me animo (e desanimo tb, às vezes) com tudo o que escreve ou me conta. Quem sabe não me anime de vez, né? rs...bjs, Carol

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  4. eu concordo 100%!!
    o mesmo aconteceu comigo, quase pirei, e depois acabei gostando tanto, q o sacrifício se tornou ficar a mercê de empresas, pq eu queria só ter q cuidar da minha família.
    adorei oq vc escreveu, beijos

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  5. Gente! Super me identifiquei! Aprendi fazer meu 1o arroz e de microondas com meu marido, qdo casei, aos 27 anos, quase 28 rs
    Sempre trabalhei fora e hoje grávida ainda não consigo entender como darei conta de casa, trabalho e filho. Mas como passei pela fase casa e trabalho e me sai bem, acho q a fase casa, trabalho e filho tb dará!
    Adorei seu post!

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  6. Bem, eu não fui criada para ser nada, pois tive que descobrir sozinha minhas aptidões e dons, rs. Minha mãe não era muito habilidosa em conversas e em ensinar algo. Até ter meu primeiro filho pensava que nem iria tê-los. Era daquelas que tinha nervoso de pegar em bebê, achava-os sem graça e chatos. Quando visitava uma amiga que tinha filhos, ficava olhando de longe. Na maternidade, nem deu para sentir nada, pois as enfermeiras cuidavam de tudo para o bebê e o marido me paparicava. Ao chegar em casa e me deparar com aquele cocozão verde que sai no início, troquei a fralda sem ajuda e, em seguida, dei o primeiro banho nele, também sem ajuda (o pai até quis ajudar, mas não deixei). A partir daí eu comecei a aprender a ser mãe e estou aprendendo até hoje, 10 anos depois.

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  7. Eu não fui criada para ser mãe,mas com 9 noves ficava em casa com um irmão de 5 e um bb de 9 meses,tinha uma pessoa q ia ajudar,mas eu fazia bastante coisa.Depois fui aprendendo a cuidar da casa,mas isso ñ quer dizer q sou super preparada.Marido outro dia brincou q gastei todas as minhas energias qdo era adolescente e jovem e hj simplesmente relaxei com coisas de casa...cozinha?ñ gosto mesmo,só pra fazer coisas diferentes,a comidinha de todos os dias me estressa...
    Enfim,acho q nunca estamos preparadas pra nada nessa vida,vamos aprendendo,errando,acertando e a cada dia crescendo um pouco mais.Ah!Eu brincava de queimada,soltar pipa e carrinho de rolimã...

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  8. Eu desde que me entendo por gente quero ser mãe.....acho que ja nasci com esse dom, sonhei por muitos anos e hj estou realizada!!!

    Gostei muito do seu texto.

    Beijos e fiquem com Deus

    Barbrinha

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  9. eu tbem concordo com essa afirmacão! pessoas q nao aceitam mudanças sao deprimentes! e o pior: quem nao encara mudanca como coisa boa, ou q nao admite q mudou! isso é o pior! ficar na mesma por puro orgulho....
    bjs

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  10. Ótimo post! Você podia até me dar uma entrevista lá para o Depois dos 25... Estou querendo falar sobre esse dilema de ser mãe, quando na verdade fomos criadas para sermos trabalhadoras.

    Se quiser passa lá, conhece e me manda e-mail para o assessoria@flaviamariano.com

    Beijos!

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  11. Minha mãe sempre trabalhou fora e ainda me deu 2 irmãos menosres pra tomar conta. Eu, aos 8, 9 anos de idade, já tomava conta da casa e dos irmãos elavava muita fralda de pano no tanque. Quando meus filhos nasceram era normal pra mim a jornada dupla, a coisa ficou feia quando parei de trabalhar e tive que dar conta da casa em tempo integral, até porque todo mundo começou a ficar em casa e sujar e bagunçar em tempo integral. Não é fácil não, e quem disser que é, merece um prêmio! Bjs

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  12. Nossa, disse tudo! Eu não fui criada para ser mãe, eu não fui criada para ser dona de casa! Eu cresci vendo a minha mãe toda AMÉLIA, sabe? Que nunca aceitou um emprego pois meu pai achava que ela não precisava!!! E do nada eu caso e meses depois engravido! Por opção, preferi estender a "licença maternidade" até ele completar um ano. E confesso, estou amando essa vida de mãe 24h e de Amélia hahaha, mas juro que voltarei em breve ao mercado.

    beijinhos.

    www.mulherquepariu.blogspot.com

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  13. adorei...deu muita coisa pra pensar

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  14. OI Ana
    Sabe que eu trabalhei até decidir ter filhos. Posso dizer que descobri outra de mim, e hoje eu sou capaz de pirar se tiver que mudar a minha rotina de dona de casa.
    Não me vejo abrindo mão das criatudo para cuidar de serviços alheios.
    Adorei! Bjos

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  15. A.D.O.R.E.I!!!!
    Sobre a casa já resolvi esse problema... Da cria..... Vamos ver como vou me sair quando vier! rsrsrsrs!
    bjo grande!
    Mariucha.

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